(Mirante da Janela - Chapada dos Veadeiros - GO)
Criado
em 1961, o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros é uma unidade de conservação brasileira de proteção integral à natureza localizada na região
centro-oeste do estado de Goiás,
administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação
da Biodiversidade e reconhecido atualmente pela UNESCO
como Patrimônio da Humanidade. É composto por diversas formações vegetais,
nascentes, cursos d água; rochas com mais de um bilhão de anos e paisagens de
rara beleza, típicas do cerrado brasileiro.
Há
algum tempo atrás eu havia incluído a Chapada dos Veadeiros na minha listinha
de destinos brasileiros a conhecer. Como este ano o tempo está curto e a grana
também, la fui eu aproveitar o feriado de Corpus Christi e tentar espremer a
Chapada em um roteiro de 4 dias. Desta vez não sozinha, mas muito bem
acompanhada. Sim, adoro viajar sozinha como sempre fiz, mas quando encontramos
a companhia que faz tudo ser mais especial, além de dividir os mesmos gostos,
valores e sonhos, então ter alguém ao seu lado mundo a fora com quem se pode
contar passa a ter um significado diferenciado =).
Em
contato por email com algumas agências, albergues e pousadas, pesquisando
valores de diárias e pacote de passeios para os lugares que desejávamos, encontrei
o menor orçamento pelo valor de 980,00 por pessoa (incluso somente passeios
sendo 2 de dias inteiros e 2 de meio período). As diárias mais econômicas
estavam a partir de 100-200,00 por pessoa. Entendo que era feriado e alta
temporada, mas achei um absurdo os valores, considerando que as taxas de
entrada das atrações da Chapada são bem baixas e muitas vezes gratuitas.
Muito
bem. Conseguimos nossos vôos para Brasília com milhas. A minha volta de
Brasília para São Paulo troquei por 1000 milhas + 138,00 (taxas já inclusas,
volta pelo aeroporto de Congonhas). Deixamos pré-reservado por email o aluguel
de um carro junto à locadora Mobilis Car, que foi a que ofereceu o melhor valor:
4 diárias de um pálio com direção, ar, vidro elétrico, 4 portas e GPS por 445,00,
podendo ser dividido no cartão de crédito (a Localiza e a Hertz, por exemplo,
cobraram entre 550,00 a 700,00 pelo mesmo veículo). Muito embora não haja um
balcão da Mobilis Car dentro do aeroporto de Brasília, um atendente da empresa
nos telefonou e encontrou conosco no próprio aeroporto para entrega do veículo.
Também é válido frisar que, durante o dia, o sol estava escaldante e para chegar nas atrações você anda alguns quilômetros pela estrada de terra, logo, valeu muito a pena ter pegado um carro com ar condicionado e direção hidráulica. Pegamos nosso Palio que seria nosso companheiro de estrada pelos
próximos 4 dias e seguimos rumo a Alto Paraíso, cidade ponto de partida para
quem pretende explorar a Chapada dos Veadeiros.
Alto
Paraíso fica a uma distância aproximada de 230km de Brasília, uma viagem de
aprox 3 horas. Há também opções de ônibus da Real Expresso que fazem esse
trajeto, no entanto, se você não quer ficar preso a um guia ou agência, a melhor
opção é realmente alugar um carro e fazer tudo por conta própria, pois a grande
maioria dos passeios e as principais atrações não necessitam de acompanhamento
de guia, bem como o fato de ser quase impossível locomover-se na região sem
um carro a sua disposição. Além disso, sairá também muito mais em conta do que
contratar agência. Ir sozinho para a Chapada dos Veadeiros, de fato não é uma
opção econômica, pois ou você arcará sozinho com o aluguel do carro, gasolina,
etc., ou ficará preso aos valores astronômicos cobrados por algumas agências.
Em
razão do abusivo valor que as pousadas e albergues da região estavam cobrando,
decidimos acampar e fomos direto para o Camping Pacha Mama, situado entre o km
62 e 63 da estrada que liga Alto Paraíso ao vilarejo de São Jorge. Pagamos
40,00 pela diária por pessoa. O camping era uma graça, arrumadinho, com uma
vista linda do nascer do sol. Muito embora estivesse bem cheio por conta do
feriado (como tudo na Chapada), os banheiros eram limpos, chuveiro quentinho, havia uma cozinha
bacana, e o clima do lugar era muito agradável. Os donos eram muito simpáticos
e receptivos, e a água das torneiras era potável, ou seja, enchemos nossas
garrafinhas para as trilhas e não gastamos um centavo com água durante a viagem
inteira. Encontramos outros campings não tão ajeitadinhos que estavam cobrando
30,00 a diária (valor mais barato que encontramos), mas acabamos decidindo pelo
camping Pacha Mama pela energia do lugar e pela prestatividade dos donos, e não
nos arrependemos nem um pouco. Para chegar lá, logo na entrada de Alto Paraíso
terá um arco branco em forma de portal. Vire na rotatória e pegue a saída à
esquerda. Marque 17km e do lado direito da estrada verá a placa de entrada
“Camping Pacha Mama”.
(Vista do Camping Pacha Mama)
1º dia – Cachoeira dos Cristais
Quando
terminamos de montar nossa barraca já era final de tarde, mesmo assim fomos até
a cachoeira dos cristais para um banho revigorante de boas vindas à Chapada. No
caminho, começamos a ter o primeiro contato com o cenário da Chapada. Céu
rosado, sol alaranjado, vegetação verdinha e flores roxas a cobrirem de vista os cenários por onde passávamos. A Cachoeira dos Cristais possui acesso por
uma trilha fácil de cerca de 700m, sendo cobrada a entrada de 10,00 por pessoa.
Pequena e notável, a água é transparente esverdeada.
Seguimos
para Alto Paraíso para procurar um lugar para jantar e não encontramos muitas
opções. No entanto, há um mercado bacaninha na cidade, onde compramos comida
para nossos cafés da manhã, lanches das trilhas dos dias seguintes e para o
jantar. Decidimos voltar ao camping e cozinhar nosso próprio jantar. E a noite
se resumiu em uma massa capelleti aos 4 queijos com molho de tomate com
manjericão, uma garrafa de vinho em volta da fogueira, debaixo de um céu
absurdamente estrelado e iluminado por uma lua cheia, gigante e amarela. Noite
linda, única e especial, para não deixar qualquer dúvida para aqueles que ainda
se perguntam se realmente precisamos de muito para sermos felizes de verdade.
2º dia – Trilha dos Saltos do Rio Preto e Vale da Lua
Além disso é importante frisar que o parque abre as 8:00hs
da manhã e limita o número de visitantes por dia. Naquela função de arrumar
mochila, se trocar, tomar café, etc., acabamos enrolando e chegando na
entrada do parque as 9:20hs da manhã. Ficamos sabendo depois que naquele dia o
parque encerrou as visitas as 9:30hs e que várias pessoas que estavam na fila
não conseguiram entrar. Por pouco não ficamos de fora. Portanto, se você tem
pouco tempo na Chapada e não quer correr o risco, chegue cedo.
Protetor
solar, repelente, camiseta, chinelo, boné, toalha, câmeras fotográficas, maçã,
barrinhas de cereais, sanduíches, biscoito e MUITA água, abasteceram bem a
nossa mochila para a trilha. Vá de roupas de banho bem
confortáveis, shorts e tênis apropriado.
A
trilha dos Saltos do Rio Preto totaliza aproximadamente 12 km de ida e
volta. Apesar de longa, é uma trilha tranqüila e plana em sua maior parte, com
poucos trechos de subida e descida íngremes. O caminho é cheio de pedrinhas
brancas cristalizadas, a vegetação é deslumbrante e a paisagem de cair o
queixo.
Primeiramente,
chegamos ao mirante do Salto de 120m com vista belíssima, porém aqui começou a
parte de disputar um espaço com vários turistas que chegavam, além da saga de
tirar uma foto sem alguém atrás. Lugar muito bonito, mas muito cheio e isso
atrapalhou um pouco. Fizemos uma pausa para o lanche e seguimos para o Salto de
80m, onde é possível tomar banho. Água limpa, vista da cachoeira muito bonita,
porém, mais uma vez, lugar tomado por turistas, difícil achar um canto
sossegado.
(Vista do Mirante do Salto de 120m. Não é permitido banhar-se)
(Salto de 80m. Embora não seja permitido chegar perto da cachoeira, há lugar próprio para banho)
Finalizamos
a trilha dos Saltos por volta das 15:30hs e seguimos para o Vale da Lua, cujo
acesso para a estrada de terra fica a cerca de 5km de São Jorge. Tudo na
chapada é de muito fácil acesso com carro. Basta perguntar e seguir placas, é
bem tranqüilo.
Pois
bem, chegamos ao Vale da Lua. Lugar de beleza impressionante e estonteante. As
formações rochosas realmente dão a sensação de terreno lunar, porém bastou
andar até a parte das piscinas naturais para encontrarmos o “piscinão de
ramos”. Sei que não é um termo muito carismático, mas o lugar estava realmente
cheio e isso tira muito o seu encanto. Imagino que fora de temporada seja bem
mais tranqüilo. De todo modo, o local vale a visita por si só. É cobrada taxa
de entrada de 20,00 por pessoa.
Saímos
do Vale da Lua por volta das 17:30hs e, na estrada de volta para o camping,
paramos para apreciar um pôr-do-sol vermelho, digno de cinema.
A
noite, a dona do camping montou um telescópio onde pudemos observar alguns planetas que estavam visíveis no céu naquela noite, como Saturno e
Júpiter. Além do mais ela e nos deu uma breve
“aula ao vivo” sobre as constelações e satélites. Belíssimo e muito bacana. Mas uma vez ficamos felizes por ter escolhido aquele camping. Ficamos
ali por um tempo e depois decidimos sair para jantar fora em São Jorge.
Encontramos
a Risotteria Santo Cerrado que acredito ser o maior restaurante da região e com
maior estrutura. Aqui foi a ostentação onde chutamos o pau do barraco do modo econômico da
viagem rsrs. Um jantar com um risoto (serve 2 pessoas), uma entrada, cerveja e
refrigerante por 98,00. Pelo menos valeu a pena e o risotinho de funghi caiu como uma luva para matar a fome e cansaço que estávamos. Achei o jantar muito bom,
serviço ok e ambiente aconchegante, embora ainda assim seja muito caro para os
padrões da região.
3º dia – Cachoeira dos Arcanjos
Mochilas
abastecidas, seguimos sentido Alto Paraíso rumo ao vilarejo Moinho, onde
achamos as placas que nos levaram a Cachoeira dos Arcanjos, que fica em
propriedade privada de um suíço, que cobra a entrada de 10,00 por pessoa. O
percurso da trilha dura mais ou menos 40 min a 1h sendo metade mais tranqüila e
outra metade de subidas e descidas mais íngremes. Uma cachoeira muito bonita e
o único lugar em que conseguimos um pouco de sossego. Chegamos e não havia
ninguém lá. Lugar de paz e tranqüilidade, todinho somente para nós.
Ficamos
la pelo período da manhã, quando voltamos sentido São Jorge para procurar um
lugar para almoçar. Na estrada entre Alto Paraíso e São Jorge, a poucos quilômetros do
camping, encontramos o famoso Rancho do Valdomiro, um restaurante bastante
conhecido na região que serve em seu cardápio um prato que chama de “Matula”,
com opções com carne e vegetariana (uau!). Pedimos 2 pratos feitos de matula
vegetariana por 20,00 cada. Trata-se de uma mistura de feijão, farinha,
abobrinha, couve, legumes, servido com arroz, abóbora, tomate e mandioca frita.
O segredo fica por conta do tempero. Prato muito bem servido e de lamber os
beiços! O restaurante possui ainda diversos licores diferentes feitos de frutas
típicas da região, que podem ser vendidos a garrafa. E a melhor parte: a degustação
é livre e por conta da casa =).
Cansados
de longas caminhadas, após encher a barriga com aquele prato delicioso e nos esbaldar na degustação de licores, decidimos tirar a tarde livre para descanso. Voltamos para o camping e deitamos
em uma das redes que davam vista para a paisagem da chapada. Tarde linda e de
relax.
A
noite fomos para São Jorge procurar um lugar para jantar. Embora o povoado de
São Jorge seja menor que Alto Paraíso, possui mais opções de restaurantes
ajeitadinhos. Escolhemos uma pizza de abobrinha com mussarela e gorgonzola na
pizzaria Luar de Pimenta. Simplesmente maravilhosa, massa fininha, crocante e
saborosíssima.
4º dia – Mirante da Janela
Último
dia de viagem, precisávamos estar em Brasília para pegar o vôo as 19hs. Havíamos
planejado acordar bem cedo e ir na cachoeira das Loquinhas e Almécegas. Mas na
hora mudamos de ideia e decidimos partir para o Mirante da Janela. Fiz essa
escolha primeiro porque, pelas cachoeiras que havia visto até então, achei que
nesse quesito a Chapada dos Veadeiros, digamos, deixou um pouco a desejar. São
lindas, mas nenhuma com água azul cristalina (exceto a Santa Bárbara que ja já mencionarei). Acho que inevitavelmente acabei
comparando-a com a Chapada da Diamantina, que no quesito grutas e poços azuis
ganhou facilmente (lembrando que digo isso com base em um roteiro de 4 dias). Segundo, quando comecei a pesquisar sobre a
Chapada dos Veadeiros a primeira foto de cartão postal que me tirou o fôlego
foi a da vista do Mirante da Janela. Eu sabia que havia algo de especial lá. E
tinha mesmo, foi a melhor decisão que fizemos.
A
trilha mais puxada de todas, sem sombra de dúvidas, que totaliza 6km (ida e
volta) de fortes descidas e subidas em morros de pedras íngremes. Desaconselho para quem não tem um mínimo de preparo físico. Vá com tênis/bota apropriado para trilhas, daqueles que não escorregam, lhe dão estabilidade e "travam" seu pé ajudando a prevenir de torções.
Entretanto, foi a mais recompensadora
também, pois a vista la em cima te faz esquecer por uns instantes de todo o
esforço feito para chegar lá. Fomos com tempo contado, não deu para ficar muito tempo
la em cima. Aconselho a reservar umas 6 horas para fazer essa trilha sem
correria e apreciando a paisagem lá em cima com calma. Valor da entrada: 10,00 por pessoa.
No mais, só mesmo chegando la no topo, sentindo o vento sacudir os seus cabelos e observando a magnitude da beleza do visual da Chapada. Na vista do Mirante da Janela é possível ver os Saltos do Rio Preto e suas imponentes quedas d’água. Lugar energético, forte, e de muita paz. Um legítimo espetáculo da natureza.
Observações
finais:
A
essa altura você deve estar se perguntando porque eu não fui à Cachoeira Santa
Bárbara, já que ela é de cor azul e considerada a mais bonita da Chapada.
Primeiro porque essa cachoeira fica no município de Cavalcante, que fica a
110km de Alto Paraíso, além de mais um bom percurso a ser feito por estrada de terra para
chegar até lá. Pelo menos umas 2h para ir e mais 2h para voltar. Ademais, ratificando o que eu já havia lido em muitos relatos,
encontramos muitas pessoas que haviam estado lá naquele feriado e todas
reclamaram que estava absurdamente lotada, impossível de dar um mergulho com sossego e paz, e de tirar uma foto sem alguém no fundo. Perder um dia de passeio para
dirigir durante horas, para chegar a um lugar que estaria abarrotado de gente e
sem curtir com tranquilidade não nos pareceu a opção mais vantajosa.
Optamos por trilhas com paisagens e vistas de tirar o fôlego, em busca de um
pouco de sossego.
Tanto
São Jorge quanto Alto Paraíso são lugares extremamente simples, não espere luxo
em nada, mesmo em pousadas que cobram preços astronômicos. Na estrada que liga ambas, você encontrará as entradas para as Cachoeiras São Bento, Almécegas I e II, Vale da Lua, o Rancho do Valdomiro, o camping Pacha Mama, entre outros. Tudo é relativamente perto entre si. Levamos o GPS mas não usamos exceto para chegar de Brasília até Alto Paraíso. Basta perguntar para os locais que eles lhe explicam tranquilamente. Além do mais, no geral, há placas sinalizando como chegar nos lugares desejados.
Vá sem medo e aproveite a energia do lugar que é renovadora.
Planilha
de Gastos:
Aluguel
do carro: 445,00
Gasolina:
200,00 (abastecemos com álcool)
Camping:
(40+40 x 3 diárias) 240,00
Almoço
no primeiro dia: 50,00 (2 sanduíches + refrigerante + cerveja + açaí)
Comida
no supermercado: 150,00 (café da manhã, lanches das trilhas, frutas, barrinhas
de cereais, chocolate, um jantar e 2 garrafas de vinho)
Jantar
da Risotteria do Cerrado: 98,00
Jantar
na pizzaria: 50,00
Almoço
no Rancho do Valdomiro: 60,00 (2 pratos+cerveja+refrigerante+sobremesa)
Cachoeira
dos Cristais: (10,00 x2) 20,00
Vale
da Lua: (20,00 x2) 40,00
Cachoeira
dos Arcanjos: (10,00x2) 20,00
Mirante
da Janela: (10,00x2) 20,00
TOTAL: R$ 1.393,00 (696,50 por pessoa)
Contando com meu vôo pago com milhas + dinheiro (138,00) = R$ 834,50
Espero ter ajudado,
Abraço! =)
Também é válido lembar de todo o misticismos que envolve o lugar, justificado pelo fato da região ser cortada pelo paralelo 14 (o mesmo que passa por Machu Pichu no Peru). Acredite você ou não em discos voadores, o solo rico quartzo já confere ao local uma vibração energética diferenciada.
ResponderExcluirOlá. Pretendo ir para lá sozinha. Só fiz uma viagem sozinha, para Belo Horizonte / Inhtoim.. coisa simples, de 4 dias. Será que dou conta da Chapada dos Veadeiros? Também nunca acampei, e achei interessante. Pretendo alugar carro, ficar uma semana...achei incrível o passeio. Parabéns.
ResponderExcluir